Valter: "problema cultural" explica porque serviço de moto-táxis é quase inexistente em Porto Alegre. |
“Ao contrário do que muita gente pensa, qualquer pessoa que tenha uma moto pode se associar em nossa entidade”, informa Valter Ferreira da Silva, presidente e especialista em trânsito cujo expediente diário – de segunda às sextas feiras – em uma casa alugada na rua Itaboraí, 1090 – envolve um sem número de questões, reclamações e reivindicações de centenas de associados que vão lá, na maioria das vezes, para entrar, via sindicato, com recursos contra as multas de trânsito que recebem diariamente nas vias da capital.
“Temos sido bem sucedidos nisso, os resultados são muito bons”, garante Valter. “Tem multa de tudo que é tipo, a principal é a do uso do celular e na qual o motociclista é multado sem ser avisado.” Os multadores, no caso, são funcionários de rua da Empresa Porto-alegrense de Transporte e Circulação (EPTC) e seus famosos “azuizinhos’. Mais do que atender aos motociclistas, o Sindicato da rua Itaboraí trabalha para “derrubar” também as multas consideradas injustas que atingem condutores de outros veículos automotores, sejam eles carros ou mesmo caminhões.
MOTOTÁXI – O Sindimoto é o único em seu gênero no Estado, embora, de direito, não represente todos os municípios do Rio Grande do Sul. “O Sindimoto não representa o Estado, mas é o único dele, ele não é de direito, mas é de fato um sindicato estadual”, explica o presidente, lembrando que a entidade está presente em muitas cidades gaúchas – entre elas Caxias do Sul e Pelotas, as duas maiores do interior, onde mantem delegados sindicais.
Indagado por que o serviço de moto-táxi é tão tímido, praticamente inexistente, em Porto Alegre, no inverso de outras capitais brasileiras (entre elas Florianópolis), Valter afirma que na realidade não há impedimento legal para tal prática de transporte pago e que recentemente ganhou destaque no noticiário quando a atriz Bruna Marquezine valeu-se de um moto-táxi para fugir das complicações do trânsito no Carnaval de Salvador.
“Não há impeditivo”, garante Valter, “isso pode ser feito por qualquer um, legalizado. Hoje, em Porto Alegre, eles estão mais nos bairros, como por exemplo na Restinga, e quase não se instalaram na área central. O que se nota é um problema cultural da nossa gente, que prefere os outros transportes. Mas se alguém estiver interessado em ser moto-taxista, pode vir aqui que a gente dá toda a assistência”.
Hoje o Sindimoto registra mais de 13 mil associados, número que pode parecer alto não fosse o fato de que poucos realmente pagam suas contribuições mensais. “Os efetivos mesmo são cerca de 1.000, e eles mantém a entidade”, ressalta o presidente. Quanto ao fim da contribuição sindical obrigatória – o que aconteceu ainda no governo Michel Temer, com sua reforma trabalhista – a medida atingiu o Sindicato, assim como todos os outros. “Para nós, claro, foi um baque, mas para outros foi muito pior”. Segundo Ferreira, a contribuição obrigatória representava cerca de 10% da receita mensal: “Nós nunca vivemos da contribuição sindical, ela não era nosso carro-chefe”.
Motobóis ganharam adicional de periculosidade somente em 2014. |
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