segunda-feira, 8 de abril de 2019

Aos 80 anos, Celso joga Câmbio, o vôlei adaptado para idosos no Ararigbóia: "De início eu achava coisa de velho"

Celso, 80 anos: "De início eu considerava o Câmbio meio chato, coisa de velho. Mas agora já está bem mais acelerado"

Jogo de Câmbio: um vôlei adaptado para a Terceira Idade, com nove jogadores, sendo seis mulheres e três homens.

Nesta tarde de segunda-feira seu Celso Mayer Costa, de 80 anos, estava fazendo o que gosta de fazer desde que se conhece por gente: praticar esportes. No caso, o Câmbio, uma modalidade de jogo – na verdade é um vôlei adaptado, para homens e mulheres, voltado para a Terceira Idade e que faz sucesso do ginásio do Parque Ararigbóia (rua Saicã com Felizardo Furtado). Lá, no último dia 30, um sábado, aconteceu a primeira rodada do Primeiro Circuito de Câmbio de Porto Alegre, o qual se repetirá no próximo dia 27, também sábado, a partir das 8h30min.
Em um país onde o número de idosos cresce a cada ano – o país é um com maior número deles, sendo Porto Alegre a capital que, proporcionalmente, mais os tem em todo o Brasil – a prática de esportes para a faixa etária acima dos 60 anos se dissemina com velocidade, representando saúde, maior longevidade e qualidade de vida.
Morador das imediações da avenida Antônio de Carvalho, Celso integra a equipe do Ararigbóia (com uma bela camiseta verde) de Câmbio, ao lado da mulher, também jogadora há vários anos. Secretário da Federação Gaúcha de Jogos Adaptados para a Terceira Idade, entidade fundada há cerca de cinco anos, o veterano atleta (sua formação e profissão é a de professor na área de contabilidade) confessa que o seu verdadeiro jogo mesmo é futebol de campo e de salão. “Quando conheci eu achava o Câmbio algo chato, um jogo de velho”, diz ele, esboçando um sorriso, ao lembrar que naqueles inícios, uns 15 anos atrás, a modalidade “era bem mais devagar do que hoje”.
“Eu jogo Câmbio faz uns 15 anos, a coisa começou na PUC, com os professores reunindo os idosos”, informa. Hoje esse vôlei adaptado para a Terceira Idade é muito praticado não só no Rio Grande do Sul como em outros Estados, sobretudo Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. Cada equipe conta com nove jogadores (três homens e seis mulheres, pela regra), sendo que a partida dura 15 minutos, ou até se fazer 15 pontos, às vezes encurtando para 12. Ainda não há um campeonato estadual, apenas torneios – o principal deles realizado na praia de Tramandaí, em novembro, antes do agito da temporada, e que congrega equipes de toda a Região Metropolitana e de vários outros municípios gaúchos como Caxias do Sul, Pelotas, Uruguaiana, Santana do Livramento, Santa Rosa. O evento dura três dias.
SEM SEDE OU DINHEIRO – Jogar câmbio, claro, não é só um excelente e saudável esporte como uma forma de diversão e lazer para pessoas que, quase todas, já estão aposentadas.  Ainda desconhecida para muitos, a fim de reunir e também normatizar a prática  (que já tem um livro publicado, com as regras e explicações) é que se fundou a Federação no Rio Grande do Sul . A entidade, porém, ainda está na sua infância e não conta com uma sede – “é itinerante” – e nem telefone, mensalidade fixas ou receita substancial. “Devemos  ter em caixa uns 400 reais, e não tem dinheiro entrando, só saindo”, diz o aposentado.
Com a ajuda de voluntários mais jovens, a Federação está capacitando juízes para arbitrar seus jogos, através de cursos específicos.  Mas este não é o principal problema encontrado e sim a questão de estabelecer novas faixas etárias, controlando a admissão de algumas pessoas que não contam sequer com 60 anos de idade e que muitas vezes até mentem a data de nascimento - “alguns têm 58, 59 anos” – para participar das disputas. Isto se torna, digamos, uma concorrência desleal em quadra, já que a força muscular, a resistência e a velocidade em relação a uma pessoa de 80 anos tornam-se significativamente relevantes. “Mas hoje nós exigimos documentos como identidade, por exemplo”, diz Celso.

Giacomoni: convite para mais duas entidades esportivas que virão ao Ginásio dia 26.

A solução encontrada foi a de estabelecer várias diferenciações etárias, com os “masters” (até 70 anos) e os “jubilados” (acima de 70). Tal inovação deverá valer já para a próxima rodada do Primeiro Circuito de Câmbio de Porto Alegre que acontece neste 26 de abril, reunindo as equipes do Centro Comunitário da Restinga (Cecores), Centro da Comunidade Primeiro de Maio (Ceprima), SESC Campestre, Ginásio Tesourinha, Parque Ramiro Souto e o Ararigbóia, obviamente.
“Estamos convidando o SESC Navegantes e a Associação Cristã de Moços (ACM) para a disputa também”, informa José Paulo Giacomoni, funcionário do Parque Ararigbóia e um dos professores do ginásio.  O Circuito é promovido pela Diretoria de Esportes, Recreação e Lazer da Prefeitura Municipal e pela Federação. Como deve ser, uma ambulância – tal qual nos jogos oficiais de futebol – estará estacionada em frente. Os moradores do Botânico estão convidados, com entrada franca.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bom dia faço parte de jogar câmbio desde 49 anos agora com 70 anos teria como fazer parte do time e se sim qual o valor da mensalidade desde já obrigada