segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Festejada de início, Borregaard virou o pesadelo dos portoalegrenses

 

A Borregaard, de nada saudosa memória dos porto-alegrenses e moradores da Grande Porto Alegre nos anos setenta, foi saudada como uma das melhores notícias econômicas do Rio Grande do Sul naquele início de 1972. A maior indústria de fabricação de celulose da América do Sul, como ressaltavam os jornais, se instalava no município de Guaíba para se dedicar exclusivamente à exportação - ou seja, viera para fabricar e exportar tudo o que produzia, utilizando tão somente as águas do Guaíba e o ar do Rio Grande do Sul. No dia 16 de março de 1972 - sexta -feira de um tempo extremamente chuvoso em todo o Estado - o maior símbolo da luta contra a poluição no Rio Grande do Sul recebia mais de 1500 convidados entre a elite selete das "autoridades civis, militares e eclesiásticas" - foi até abençoada pelo Arcebispo de Porto Alegre, D. Vicente Scherer. O presidente mundial da empresa, dois ministros de Estado brasileiros, vindos especialmente de Brasília para a cerimônia, o governador, o prefeito da Capital, o comandante do Terceiro Exército (que depois seria o presidente da sucedânea Riocell) participaram de um grande rega-bofe que marcou época. Imensos anúncios pagos foram publicados nos jornais do Estado, saudando uma "nova era" - entre os quais este da Pirelli, que reproduzimos da coleção do Correio do Povo.
Porém, já antes de suja inauguração, a fábrica norueguesa já lançava seus "odores pestilentos" sobre a cidade, fazendo prever que tanto dinheiro e tanto investimento talvez não valesse a pena os sacrifícios de uma população inteira.  

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