O Renato Portalupi de hoje é um ajuizado e ponderado senhor de mais de 50 anos, pai de uma filha e ídolo da nação gremista. Nos vestiários e nos campos é um técnico de futebol de grande competência que sabe lidar com crises e conflitos.
É, o tempo amadureceu aquele craque boa pinta que veio de Bento Gonçalves ainda jovenzinho e logo se tornou campeão da América e do Mundo pelo Grêmio Portoalegrense. Exibicionista, imaturo e vaidoso, com pinta de pleiboi, o jogador dos anos oitenta e noventa parece ter pouco a ver com o treinador de 2018.
No início de janeiro de 1983 o jovem Renato, que ainda não havia completado 21 anos, virava notícia de jornal por suas brincadeirinhas de mau gosto tendo por cenário a praia de Tramandaí, no litoral gaúcho, onde alguns atletas do tricolor passavam dias das férias. Brincadeirinhas de mau gosto que acabaram causando tumulto na madrugada quente e movimentada da Rainha das Praias. Com o título “Renato Provoca Confusão na Praia”, o Correio do Povo descrevia: “Os jogadores do Grêmio Renato, Paulo Roberto e Paulo César chamaram a atenção dos veranistas, em Tramandaí, às primeiras horas da madrugada de ontem, quando se encontravam sentados em uma mesa no bar e Restaurante Casa Branca, na calçada da avenida Emancipação. A presença deles acabou se transformando numa confusão, com ameaça de briga, envolvendo o ponteiro-direito Renato, exigindo a intervenção da Brigada Militar, sem que o fato tivesse se transformado em ocorrência policial.
“Todos alegres e brincalhões, os veranistas se divertiam com as extravagâncias de Renato. Ele apanhou uma garrafa de guaraná que duas garotas tomavam numa mesa e despejou no chão. Foi a uma outra mesa e bebeu o suco de laranja de outras duas veranistas, cuspindo o suco na cabeça de uma delas. Os veranistas riam e logo passaram à condição de torcedores provocando os jogadores e gritando “Geraldão!” Renato até se irritou com a provocação dos torcedores e deu uma de querer tirar satisfações. Os jogadores brincavam ainda com a toalha da mesa e bar e num determinado momento um copo de vidro quebrou-se quando Renato o levava à boca. Não demorou muito e logo surgiu uma correria do público quando os jogadores se afastavam, mas eles discutiam em altos brados entrei si e o lateral Paulo Roberto tentava acalmar Renato. Os soldados da Brigada Militar chegaram e trataram de isolar os jogadores do público, conduzindo-os para a parte dos fundos do Hotel Strassburguer e fechando um portão de madeira. A confusão não ficou bem esclarecida. Mas, ao final, um policial da Brigada Militar dizia que se os jogadores quisessem brigar entre si, isso era com eles, e poderia acontecer nos fundos do hotel, mas longe do público”.
A propósito: Geraldão era o atacante do Inter de então e um grande fazedor de gols.
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