Em fevereiro, em meio ao Carnaval, a decoradora Rosana Sousa - apaixonada por cachorros - teve uma ideia: já que há tantas pessoas sozinhas, a maioria residindo em apartamentos, a maioria com um cão de estimação, por que não se oferecer para levar esses animais para um passeio, cobrando por isso?
Meio na brincadeira, como explica ela, surgia a primeira "passeadora de cachorros" do Jardim Botânico. Hoje, menos de seis meses depois, a ideia deu tão certo que Rosana e o marido, Leandro, têm uma empresa registrada e com mais de 60 clientes - a Ro-Lê Alimentos e Passeios. Aproveitando o crescimento do "mundo cão" (cada vez há mais cachorros no bairro), ela entrou firme nesse ramo. "A gente já era conhecida por ter cachorros em casa, três rotweiller e um vira-latas. Em um final de semana começamos a distribuir panfletos e, já na segunda-feira, tínhamos o nosso primeiro cliente", lembra ela.
Sem nunca terem atuados nesse segmento, os dois levaram a coisa a sério e foram se inteirando das necessidades dos donos dos cães. Moradora do bairro há muitos anos (rua Itaboraí), ex-aluna do colégio Otávio de Souza, Rosana logo percebeu que, de simples "passeadora de cães" - ou "dog walker" - poderia evoluir para algo ainda mais rentável: comercializar alimentos e produtos de higiene e beleza para os cães, criando uma espécie de mercado e boutique para os bichanos - incluindo aí gatos. Aos poucos, ela foi procurando pets e agropecuárias, oferecendo produtos que trazia, principalmente de São Paulo: aditivos alimentares, petiscos, xampus, sabonetes, talcos, higienizadores etc. Hoje a clientela está por toda Porto Alegre, (é representante exclusiva da Boccaditos) e não cessa de crescer. "Começamos em março com os alimentos, que compramos direto das fábricas, e o crescimento foi rápido", afirma ela. "O meu interesse, hoje, é vender em quantidade, para donos de pets e agropecuárias, mas se um deles me fizer o pedido, por exemplo, de um único xampu, eu vou lá e entrego, sem problemas".
SEM EMPREGADOS - Trabalhando em casa ("nosso ponto de contato"), sem nenhum funcionário, marido e mulher se desdobram para atender uma clientela que vai de uma simples dona de casa a um proprietário de um grande Pet Shopping. A atividade inicial - passeador de cães - já pode ser considerada secundária, mas nem por isso é descuidada: todas as segundas, quartas e sextas-feiras, Rosana e Leandro podem ser vistos, caminhando pelas ruas do Jardim Botânico, com um ou mais cachorros à sua volta.
"A função de dog walker é pouco conhecida em Porto Alegre, ainda, e nós fomos os primeiros aqui no bairro. Hoje nós temos clientes fixos e trabalhamos sete dias por semana, sem parar, de manhã até às 10 horas da noite", conta Rosana.
Rosana fez questão de profissionalizar tudo. Passear com cães, ao contrário do que se possa pensar, não é algo tão simples assim. "Primeiro, é preciso ter amor pelos animais, conhecer a psicologia e as necessidades deles", relata ela. Cheia de cuidados, ela, ao passear, não deixa o cão cheirar ou comer coisas estranhas, "até porque há o risco de envenenamento". O procedimento inicial é ir até a residência da pessoa interessada, conhecê-la e tomar conhecimento das características do cão - se está com as vacinas em dia, se tem algum problema de saúde, se é nervoso ou calmo, se está estressado, se gosta de correr, qualquer detalhe é importante. Com base nisso tudo é feito o preço - os passeios vão de 15 minutos a uma hora, e os preços variam - um cachorro é um preço, dois ou mais é outro - de 13 reais (um cão, passeio de 15 minutos 3 vezes por semana) a 52 reais (passeio de uma hora, três vezes por semana). O passeio de 15 minutos geralmente basta para desestressar o cão - em especial os que moram em apartamentos.
Os clientes são pessoas de classe média, a maioria residindo em apartamentos. "A clientela é bem diversificada. Muitos são mulheres, a maioria moram sozinhos e são separados, e todos residem aqui no Jardim Botânico", conta Rosana. "Há o caso, por exemplo, de um rapaz que mudou-se para São Paulo, para trabalhar, e deixou seu cachorro com os pais. Como estes não tem muito jeito com animais, eles me contratam para fazer os passeios e dar orientações sobre o cão".
Meticulosa, ela tem tudo organizado em fichas, com informações sobre os cães e seus donos. Em sua casa, na rua Itaboraí, o seu "ponto de contato", tudo é higiênico e transmite uma aparência profissional. Hoje a Ro-Lê também tem tele-entrega de seus produtos - cujos preços vão de 1 real a mais de 30 para os lojistas (para os demais clientes é cobrado o preço normal de pets, sem descontos). "E pretendo, em breve, trabalhar com decoração de ambientes para cães e gatos", anuncia ela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário