quarta-feira, 31 de julho de 2024

As Amigas Tricoteiras mostram seus trabalhos neste domingo

 As Amigas Tricooteiras se reúnem em uma grande feira neste domingo , 4 de agosto. O Felizardo, há algum tempo, lembrou deste animado grupo, matéria que reproduzimos agora.

As Amigas Tricoteiras: desde 2012 formaram uma confraria de cerca de 15 mulheres no Condomìnio Felizardo Furtado.

Mesa com alguns dos itens confeccionados: gorros, xales, mantas, luvas...

Elas se reúnem todas as quintas-feiras pela tarde no salão do Condomínio Residencial Felizardo Furtado – o maior do Jardim Botânico, com oito edifícios de 10 andares – para fazer trabalhos manuais como tricô e crochê, os quais, todos, são doados para pessoas carentes das mais variadas instituições de Porto Alegre. Chamam-se Grupo das Amigas Tricoteiras, uma confraria com cerca de 15 mulheres que, desde 2012, desenvolvem um importante trabalho assistencial. No início, sete anos atrás, eram cinco ou seis participantes.

Nesta quinta-feira, com o tempo ameaçando temporal lá fora, no recinto amplo e iluminado, estava dona Jane Catarina Alencastro Moreira, moradora há 42 anos do Condomínio. Em volta de uma mesa, outras senhoras, como a Dalva, a Vera, a Leonilda, a Lia, a Marilene, a Maria Inês, a Teresinha.  Mais adiante, uma mesinha com alguns doces e quitutes, café e água mineral – o chamado “lanchinho das quatro” desse grupo na faixa da Terceira Idade e que, mais do que fazer crochê e tricô, se vale de tais encontros para conversar, interagir e sentir-se útil. Aos poucos, como o nome diz, tornaram-se amigas.
TERAPIA – Jane, residente no Bloco G, é, por assim dizer, uma das líderes do movimento, e mantém uma pasta na qual arquiva fotos, documentos e até medalhas que ganharam de hospitais e instituições as mais diversas em função do trabalho benemérito. Pode não ser uma quantidade muito grande – são luvas, mantas, gorros, xales, meias, conjuntinhos – mas é algo realmente feito de coração e que será de grande utilidade para enfermos sem recursos internados em hospitais, para mães e bebês de maternidade e para muitos idosos. Jane dedica-se ao trabalho assistencial também fora daqui e tem tudo documentado em fotos. Ela apenas lamenta que a mais idosa do grupo, dona Bernadete, de quase 95 anos (fará em maio) não esteja presente por problemas de saúde – está internada, mas espera-se que volte à ativa muito em breve.
Aqui tudo é feito em parceria, incluindo o lanche das 16 horas, trazido por cada uma das tricoteiras a cada semana. O espaço é cedido pelo Condomínio, entre as 14 e as 17 horas. Já o material usado para as confecções (lã, especialmente) provem de doações e de algumas rifas que o grupo promove eventualmente. “Não mexemos com dinheiro”, informa Jane. Ou seja, nada está à venda – tudo é doado. Já doaram para o Hospital São Lucas, para casas espíritas, e agora irão se voltar para o hospital do câncer infantil do Hospital de Clínicas. Algumas das tricoteiras estão no grupo há muitos anos, outras há questão de um mês, dois meses.
Com 88 anos – mas não parece – Dalva Silva Gomes, moradora do Condomínio há sete anos (Bloco F), é uma das pioneiras. “Sempre fiz tricô, embora não seja a que faz melhor”, explica. Mais do que ajudar pessoas carentes, elas usam o trabalho manual e a convivência mútua como uma espécie de terapia. “Para mim é um trabalho de terapia, a gente se distrai e deixa de lado os problemas.”
O mesmo vale para a Vera Debiasi (Bloco H, onde mora há 25 anos), há quatro anos aqui, e que – conforme diz – entrou para “fazer uma terapia, eu estava passando por um problema grave de saúde, e foi a melhor coisa que eu fiz. Estou aprendendo o crochê e me sinto muito melhor.” Vera é formada em Turismo pela Pontifícia Universidade Católica, PUC, mas ultimamente era dona de casa e cuidava da mãe.

Jane

Marilene

Vera


TARJA PRETA - O Grupo das Tricoteiras Amigas também fez muito bem para Lia Nunes, a mais brincalhona de todas. Natural de Soledade, com 16 anos de CRFF e há oito na confraria, não esconde que entrou devido a uma forte depressão causada por um trabalho extenuante e estressante – ela era operadora de tele-marketing. “Eu trabalhava 12 horas por dia, de segunda a sábado e acabei entrando em depressão. Durante quatro anos tomei oito medicamentos de tarja-preta e precisei de acompanhamento psicológico”. 

Lia

Leonilda

Maria Inês

Teresinha

Dalva

Convidada pela amiga Nilva, entrou para o grupo – onde faz tricô e crochê – e isso teve importância fundamental para superar seu problema. “Hoje não tenho mais nada”. Ela é esposa do zelador do Bloco H, Jucemar, ou Chico.
Já Leonilda Vieira, do F (os edifícios vão do A ao H) foi convidada por Maria Inês – colega de ginástica no Ginásio Ararigbóia -e orgulha-se de ter, antes, feito curso de Tear e Tecelagem. “Eu tinha me aposentado e estava cansada de ficar em casa, comendo, me entediando e engordando.  Aqui a gente se ajuda, conversa”. Ao seu lado está Teresinha Lorbitzki (Bloco F), porto-alegrense, integrante das Amigas há um ano, “entre idas e vindas”. Ela também concorda que isso “é meio uma terapia”. Há apenas um mês no grupo, pode ser considerada a caçula.
Uma das poucas que não reside no Condomínio é Maria Inês Oliveira, residente na Barão do Amazonas, entre a Itaboraí e a Felizardo. Natural de Iraí, também faz ginástica no Ararigbóia “e acabei me entrosando com o pessoal daqui”. Maria Inês admite que, para ela, é mais do que um trabalho manual: “Faço como terapia também”.
Uma coisa importante a destacar é que o grupo sempre está necessitando de material para fazer suas peças – fios de lã, sobretudo – e doações são bem vindas. Com o material que armazenaram, elas irão fazer uma exposição dia 28 deste mês de abril, um domingo, no mesmo salão do CRFF, para o qual todos estão convidados.

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