As Amigas Tricooteiras se reúnem em uma grande feira neste domingo , 4 de agosto. O Felizardo, há algum tempo, lembrou deste animado grupo, matéria que reproduzimos agora.
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As Amigas Tricoteiras: desde 2012 formaram uma confraria de cerca de 15 mulheres no Condomìnio Felizardo Furtado. |
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Mesa com alguns dos itens confeccionados: gorros, xales, mantas, luvas... |
Elas se reúnem todas as quintas-feiras pela tarde no salão do Condomínio Residencial Felizardo Furtado – o maior do Jardim Botânico, com oito edifícios de 10 andares – para fazer trabalhos manuais como tricô e crochê, os quais, todos, são doados para pessoas carentes das mais variadas instituições de Porto Alegre. Chamam-se Grupo das Amigas Tricoteiras, uma confraria com cerca de 15 mulheres que, desde 2012, desenvolvem um importante trabalho assistencial. No início, sete anos atrás, eram cinco ou seis participantes.Nesta quinta-feira, com o tempo ameaçando temporal lá fora, no recinto amplo e iluminado, estava dona Jane Catarina Alencastro Moreira, moradora há 42 anos do Condomínio. Em volta de uma mesa, outras senhoras, como a Dalva, a Vera, a Leonilda, a Lia, a Marilene, a Maria Inês, a Teresinha. Mais adiante, uma mesinha com alguns doces e quitutes, café e água mineral – o chamado “lanchinho das quatro” desse grupo na faixa da Terceira Idade e que, mais do que fazer crochê e tricô, se vale de tais encontros para conversar, interagir e sentir-se útil. Aos poucos, como o nome diz, tornaram-se amigas.
TERAPIA – Jane, residente no Bloco G, é, por assim dizer, uma das líderes do movimento, e mantém uma pasta na qual arquiva fotos, documentos e até medalhas que ganharam de hospitais e instituições as mais diversas em função do trabalho benemérito. Pode não ser uma quantidade muito grande – são luvas, mantas, gorros, xales, meias, conjuntinhos – mas é algo realmente feito de coração e que será de grande utilidade para enfermos sem recursos internados em hospitais, para mães e bebês de maternidade e para muitos idosos. Jane dedica-se ao trabalho assistencial também fora daqui e tem tudo documentado em fotos. Ela apenas lamenta que a mais idosa do grupo, dona Bernadete, de quase 95 anos (fará em maio) não esteja presente por problemas de saúde – está internada, mas espera-se que volte à ativa muito em breve.
Aqui tudo é feito em parceria, incluindo o lanche das 16 horas, trazido por cada uma das tricoteiras a cada semana. O espaço é cedido pelo Condomínio, entre as 14 e as 17 horas. Já o material usado para as confecções (lã, especialmente) provem de doações e de algumas rifas que o grupo promove eventualmente. “Não mexemos com dinheiro”, informa Jane. Ou seja, nada está à venda – tudo é doado. Já doaram para o Hospital São Lucas, para casas espíritas, e agora irão se voltar para o hospital do câncer infantil do Hospital de Clínicas. Algumas das tricoteiras estão no grupo há muitos anos, outras há questão de um mês, dois meses.
Com 88 anos – mas não parece – Dalva Silva Gomes, moradora do Condomínio há sete anos (Bloco F), é uma das pioneiras. “Sempre fiz tricô, embora não seja a que faz melhor”, explica. Mais do que ajudar pessoas carentes, elas usam o trabalho manual e a convivência mútua como uma espécie de terapia. “Para mim é um trabalho de terapia, a gente se distrai e deixa de lado os problemas.”
O mesmo vale para a Vera Debiasi (Bloco H, onde mora há 25 anos), há quatro anos aqui, e que – conforme diz – entrou para “fazer uma terapia, eu estava passando por um problema grave de saúde, e foi a melhor coisa que eu fiz. Estou aprendendo o crochê e me sinto muito melhor.” Vera é formada em Turismo pela Pontifícia Universidade Católica, PUC, mas ultimamente era dona de casa e cuidava da mãe.
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Jane |
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Marilene |
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Vera |
TARJA PRETA - O Grupo das Tricoteiras Amigas também fez muito bem para Lia Nunes, a mais brincalhona de todas. Natural de Soledade, com 16 anos de CRFF e há oito na confraria, não esconde que entrou devido a uma forte depressão causada por um trabalho extenuante e estressante – ela era operadora de tele-marketing. “Eu trabalhava 12 horas por dia, de segunda a sábado e acabei entrando em depressão. Durante quatro anos tomei oito medicamentos de tarja-preta e precisei de acompanhamento psicológico”.
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Lia |
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Leonilda |
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Maria Inês |
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Teresinha |
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Dalva |
Convidada pela amiga Nilva, entrou para o grupo – onde faz tricô e crochê – e isso teve importância fundamental para superar seu problema. “Hoje não tenho mais nada”. Ela é esposa do zelador do Bloco H, Jucemar, ou Chico.
Já Leonilda Vieira, do F (os edifícios vão do A ao H) foi convidada por Maria Inês – colega de ginástica no Ginásio Ararigbóia -e orgulha-se de ter, antes, feito curso de Tear e Tecelagem. “Eu tinha me aposentado e estava cansada de ficar em casa, comendo, me entediando e engordando. Aqui a gente se ajuda, conversa”. Ao seu lado está Teresinha Lorbitzki (Bloco F), porto-alegrense, integrante das Amigas há um ano, “entre idas e vindas”. Ela também concorda que isso “é meio uma terapia”. Há apenas um mês no grupo, pode ser considerada a caçula.
Uma das poucas que não reside no Condomínio é Maria Inês Oliveira, residente na Barão do Amazonas, entre a Itaboraí e a Felizardo. Natural de Iraí, também faz ginástica no Ararigbóia “e acabei me entrosando com o pessoal daqui”. Maria Inês admite que, para ela, é mais do que um trabalho manual: “Faço como terapia também”.
Uma coisa importante a destacar é que o grupo sempre está necessitando de material para fazer suas peças – fios de lã, sobretudo – e doações são bem vindas. Com o material que armazenaram, elas irão fazer uma exposição dia 28 deste mês de abril, um domingo, no mesmo salão do CRFF, para o qual todos estão convidados.
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